Vítimas de várias perseguições racistas, negros e negras sempre enfrentaram enormes dificuldades para ingressar e permaner na universidade. Desde a formação das instituições de ensino superior no século 19, jamais houve um projeto que garantisse o acesso em massa da população negra à academia. Hoje, os negros correspondem a apenas 2% do contingente de universitários, apesar de representarem 45% dos brasileiros.
Pesquisas realizadas pela Universidade de Brasília comprovam o déficit de renda dos estudantes negros em relação aos demais estudantes. Os dados apontam que 57,7% dos candidatos de cor preta possuem renda familiar inferior a 1.500 reais, já em relação ao grupo de cor branca esse percentual é bem menor, 30%. A mesma disparidade é verificada quando se analisa o percentual de pessoas com renda acima de R$ 2,5 mil: 46,6% dos candidatos de cor branca estão nessa categoria, enquanto o percentual no grupo de cor preta é de 20,4%.
O reconhecimento dessa realidade e a luta da população negra por educação não são dados recentes. Em termos de ação organizada, pode-se identificar, entre outras, as reivindicações da Frente Negra Brasileira, nos anos 1940, e as propostas de Abdias Nascimento em nome da implementação de políticas públicas voltadas para o atendimento das demandas desse grupo social.
As políticas de ações afirmativas, entre elas as cotas raciais, comprometem-se com a promoção de grupos não atingidos pelas políticas de caráter universal, em nome da efetivação do princípio constitucional de igualdade. O Sistema de Cotas para Negros adotado pela Universidade de Brasília – UnB, além de ser uma iniciativa institucional importante e inovadora, é, assim, o resultado de esforços históricos dos Movimentos Negros.
Aprovação - Após cinco anos de muita discussão, a Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira federal a instituir o sistema de cotas em seu vestibular tradicional, em junho de 2004. Essa ação afirmativa, que faz parte do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial da UnB (veja mais abaixo), será aplicada por um período de 10 anos.
Aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), em 06 de junho de 2003, o sistema atraiu 4,4 mil estudantes de um total de 23,5 mil inscritos – 18,6% dos candidatos. Para eles, foram destinados 20% do total de vagas de cada curso oferecido no 2° vestibular de 2004, 392 de 1.994. Desse número, os cotistas foram 378.
Índios - Ao final de nove meses de estudos, a comissão criada para implementar o sistema formulou dois documentos que resumem os mecanismos de aplicação do plano de metas de integração que também foram aprovados pelo Cepe. Um deles é o edital do segundo vestibular de 2004. O outro é o convênio entre a UnB e a Fundação Nacional do Índio (Funai), assinado em 12 de março de 2004. Os indígenas aprovados em um teste de seleção começaram a estudar na UnB no primeiro semestre letivo de 2004. Pelo convênio, cerca de dez vagas serão destinadas a indígenas a cada vestibular.
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